Livro sobre a história do cinema em Botucatu é publicado em versão digital

 

Curiosidade, pesquisa e persistência foram elementos fundamentais para o surgimento da cinematografia. Muito antes da primeira exibição comercial dos irmãos Lumière, em 1895, uma série de experimentos e invenções já apontavam para o desejo humano de registrar e projetar imagens em movimento. A partir dali, o cinema conquistou espaço como arte e indústria, reinventando-se continuamente diante dos novos meios de comunicação.

 

Com o objetivo de registrar os elementos que fizeram com que Botucatu se sobressaísse na área cinematográfica, foi publicado, pela Editora Típica, o livro “História do Cinema em Botucatu”.

A versão impressa da obra foi lançada em 2021. Com edição esgotada, optou-se por disponibilizar o livro em formato digital.

 

Mas o que faz com que Botucatu tenha destaque quando o assunto é cinema?

 

O município esteve entre as cidades pioneiras em exibições que ocorreram de maneira itinerante. Conforme o escritor Hernani Donato, em 1902, Botucatu contou com mostra de uma película em praça pública.

 

Outro diferencial está no setor de distribuição de filmes, que começou a se estruturar na cidade na década de 1920. Os irmãos Lunardi foram os primeiros a atuar nessa área e, em 1926, Azor Araújo fundou o Departamento Geral de Filmes. Pouco depois, João Passos se tornou sócio da companhia que passou a se chamar Araújo & Passos e ter projeção nacional.

 

A criação da Empresa Teatral Peduti (ETP), fundada por Emílio Peduti, que iniciou sua trajetória ao lado de Pedro Chiaradia e Pedro Eichenberg foi outro importante marco. A ETP chegou a atuar em mais de 70 cidades brasileiras. Por estar sediada em Botucatu, a empresa atraiu para o município importantes distribuidoras, reforçando sua posição estratégica no cenário cinematográfico nacional.

 

A cidade abrigou escritórios de companhias como United Artists, Warner Bros, RKO, Metro, Pan-Americana, CineDistri, Fox, Paramount, British.

 

Favorecida pela ferrovia no transporte de filmes, Botucatu passou ser a um dos cinco grandes territórios cinematográficos, os quais tinham delimitações relacionadas à área de exibição de filmes. O território de Botucatu começava em Sorocaba e chegava até norte do Paraná e sul do Mato Grosso. Além do município, compunham essa rede Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São Paulo e Vale do Paraíba.

 

Outro aspecto que faz com que o município seja referência nesse setor é que as empresas Cinematográfica Araújo e Moviecom — originadas a partir da divisão da Araújo & Passos — possuem sedes em Botucatu e estão entre as principais exibidoras do país.

 

O livro também apresenta informações das salas de exibição Pavilhão Ideal, Cinema Botucatuense, Cine Casino, Espéria, Cine Glória, Paratodos, Vitória, Cine Avenida, Cine Nelli e Vila Rica.

 

Algumas páginas de “História do Cinema em Botucatu” são dedicadas ao grêmio cinematográfico, o qual promovia confraternizações entre profissionais que atuavam nas diversas funções.

 

A publicação contextualiza a trajetória do cinema em Botucatu com elementos de destaques mundiais e nacionais da sétima arte, além de aspectos socioeconômicos, culturais e políticos do país e do município.

 

Para a elaboração do livro, foram realizadas consultas em jornais como Correio de Botucatu e Folha de Botucatu, e em exemplares digitalizados do informativo Cine Repórter, disponível no acervo da Biblioteca Nacional.

 

Embora algumas entrevistas tenham sido inviabilizadas por não se conseguir contato de determinadas pessoas ou em decorrência do falecimento dos antigos profissionais, o livro reúne depoimentos inéditos.

 

A iniciativa de produzir a obra partiu de um grupo formado por pessoas com vínculos familiares e profissionais com o setor, movido pelo desejo de preservar e divulgar essa parte significativa da história de Botucatu.

 

A publicação tem como autores Adriana Donini e Luiz Roberto Coelho Gomes, pesquisas de Adriana Donini, Antonio Cecilio Junior, Fulvio Chiaradia, João Carlos Figueiroa e Luiz Roberto Coelho Gomes e diagramação de Edil Gomes.

 

A versão digital do livro está disponível em: https://www.editoratipica.com.br/historia-do-cinema-em-botucatu.

 

 

Nelson Rodrigues é tema de e-book

 

Em 2022, comemora-se 110 do nascimento do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, que nasceu, em Recife, no dia 23 de agosto. Para comemorar a data e reunir produção científica sobre este importante autor, a Editora Típica publica este e-book.

Os capítulos contêm análises sob várias perspectivas, revisitam diversas de suas produções e trazem contribuição atual sobre as obras de Nelson Rodrigues.

 

Na abertura do e-book, a organizadora da publicação, Fernanda Maffei Moreira, doutora em Letras pela Unesp, câmpus de Assis, faz uma apresentação sobre o autor, incluindo a história da vida dele e a trajetória literária e nos palcos.

Ela destaca que “Nelson Rodrigues merece ser lembrado não só como um grande dramaturgo, mas também como excelente romancista, contista, cronista e escritor de folhetins”.

 

No capítulo 2, Brendon de Alcantara Diogo, doutorando em Estudos Literários pela Unesp, câmpus de Araraquara, faz uma análise da peça Anjo Negro. O autor destaca nas análises o auto-ódio, experenciado pela personagem Ismael, a partir da perspectiva étnico racial.

 

A obra O Beijo no Asfalto é tema do capítulo 3, escrito por Matheus Lucas de Almeida, doutorando em Ciências da Linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, e por Juanna Beatriz de Brito Gouveia, mestranda em Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os pesquisadores analisam, entre outros aspectos, os estereótipos da masculinidade e a contribuição da peça para modificação das percepções do imaginário social brasileiro da época.

 

No capítulo 4, Elvis Borges Machado, mestrando em Estudos Literários pela Universidade Federal do Pará, faz análise de alguns contos da coletânea “A Vida como ela é...” das peças A mulher sem pecado, Anti-Nelson Rodrigues, Perdoa-me por me-traíres e A serpente, tendo por base os pensamentos de Freud e, principalmente, de Girard.

 

O papel das mulheres no teatro rodriguiano é abordado, no capítulo 5, por Juliana M. G. Carvalho Nascimento, doutora em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia. Em sua abordagem, a autora explora categorizações culturais do gênero feminino. O estudo da docente da Universidade Federal do Ceará tem como referencial a Psicanálise.

No encerramento desta publicação, Fernanda Maffei Moreira destaca as produções do escritor em vários segmentos e a atemporalidade das obras de Nelson Rodrigues.

 

O e-book está disponível em https://www.editoratipica.com.br/nelson-rodrigues